quinta-feira, 28 de abril de 2011

O que há de errado com o especismo???

Olá a todos!

Vocês já devem ter lido no subtítulo deste blog (na parte superior desta página) que maltratar um animal, abandoná-lo, tratá-lo como objeto ou algo sem valor são alguns dos inúmeros exemplos de atitudes especistas. Creio que isso já seja suficiente para responder o que há de errado com o especismo, mas, como a proposta deste blog é explorar esse tema ao máximo, convido a todos para iniciarmos uma jornada de bastante reflexão e muitos questionamentos por aqui.

Para uma melhor definição sobre o termo especismo, volto a citar um trecho do Manifesto da Sociedade Vegana (também presente no subtítulo deste blog) sobre esse assunto: "Chamamos de especismo a discriminação contra espécie, tão arbitrária e irracional quanto o racismo e o sexismo, entre outras." Diante dessa definição, que ainda será muito explorada por aqui, pode-se afirmar que o veganismo é uma das atitudes coerentes que podemos ter para combater o especismo; na verdade, é o mínimo que podemos fazer.

Antes de continuarmos explorando a questão proposta no título desta postagem (O que há de errado com o especismo???), vale lembrar que, resumidamente, vegano (vegan, em inglês) é aquela pessoa que, por questões éticas, além de não se alimentar de carne, leite e ovos, também não consome nenhum outro produto oriundo da exploração animal (presente não somente na alimentação, mas também no entretenimento, vestuário etc.). É bom lembrar também que o veganismo (justamente por ser embasado em questões éticas, como a abolição do especismo) não se trata de um "estilo" de vida ou de dieta.

Para auxiliar na reflexão proposta aqui, farei agora uma breve contextualização do ambiente no qual comecei a me questionar sobre a ética (ou a falta dela) por trás de toda essa exploração animal (especismo) que, conforme perceberemos nas próximas postagens, se sustenta basicamente em função da cultura especista que herdamos (aquela preservada pela família, reproduzida pela escola e legitimada pelas mídias). Devo confessar que entre todos os amigos e conhecidos que conviviam comigo no dia-a-dia, nenhum deles era, sequer, vegetariano, ou seja, todos comiam carne. Quem me conhece há muito tempo, sabe bem que dificilmente havia outra pessoa que fazia tanta questão quanto eu de, diariamente, almoçar em churrascarias e jantar em pizzarias (pizzas e massas em geral). Cito isso para deixar claro que, em meio a todo esse ambiente, o fato de eu ter me tornado vegano certamente não foi por "modismo", ou seja, não foi uma atitude para me incluir num determinado grupo (muito pelo contrário, como pode ser constatado na contextualização do ambiente acima).
Obs.: ainda não fui a uma pizzaria vegana, mas sei que elas existem! Isso mesmo, as massas também podem ser preparadas sem ovos!!! Para conhecer (e preparar em casa!) algumas receitas veganas, acessem http://guiaveg.com.br/index/?cat=33

Exatamente por todo esse cenário propício à acomodação, confesso que não foi fácil começar a refletir sobre a ética (ou a falta dela) por trás dessa exploração animal. O comodismo era muito grande e, além de tudo isso que já citei, é bom lembrar que nem de verdura eu gostava. Na época eu não sabia, mas hoje sei que veg[etari]anismo não é sinônimo de herbivorismo, pois a base da dieta vegetariana é o reino vegetal, e não somente as verduras (que fazem parte do reino vegetal). A base nutricional da dieta veg[etari]ana são os cereais e leguminosas (feijões, o que inclui ervilha, lentilha, grão de bico etc.), que são alimentos de elevada densidade nutricional e com ótimo teor protéico.
Obs.: para mais informações sobre a dieta vegetariana e seu impacto na saúde, do ponto de vista médico, recomendo o livro "Vegetarianismo e Ciência" (disponível em http://livraria.folha.com.br/catalogo/1156000/vegetarianismo-e-ciencia), escrito pelo Dr. Júlio César Acosta Navarro, ph.D., cardiologista e especialista em nutrologia, que defende que a dieta vegetariana é benéfica e segura para todas as fases da vida. Esse livro foi fruto de um extenso período de estudos e da revisão de mais de 2.000 artigos científicos. Aproveito para compartilhar também o link para uma excelente entrevista concedida à Livraria da Folha por outro médico, o Dr. Eric Slywitch, nutrólogo especializado em dietas vegetarianas (entre outras dúvidas, o médico mostra quais os passos a serem seguidos por quem deseja mudar sua alimentação, como os pais devem agir com seus filhos quando estes decidem ser vegetarianos e como alimentar um bebê com esta dieta): http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/837717-soja-e-desnecessaria-para-o-vegetariano-diz-especialista-eric-slywitch.shtml

Então, diante de tamanho comodismo, como é que eu fui começar a refletir sobre isso? Foi a convivência com um animal de outra espécie que me instigou a pensar sobre o assunto, dando início à seguinte reflexão: "Em relação aos animais das outras espécies (os não-humanos), como (com qual coerência) eu posso amar uns e ser cúmplice da exploração dos outros, indiretamente escravizando-os e torturando-os até a morte, pra depois usá-los para alimentação, vestuário etc.???"
Obs.: sobre essa exploração animal (animais em processamento enquanto ainda conscientes, confinados a ponto de neurotizarem e se auto-mutilarem, enxertados com componentes ou substâncias sem analgesia etc.), gostaria de compartilhar o link para um vídeo intitulado "Paredes de vidro", narrado por sir Paul McCartney que, entre uma e outra revelação chocante a respeito do constante sofrimento a que estão sujeitos os animais explorados pela indústria de carne, ovos, leite etc., afirma: “Se os matadouros tivessem paredes de vidro, todos seriam veg[etari]anos." Eis o link para para o vídeo (contém cenas fortes): http://www.youtube.com/user/MrBclpinheiro?feature=mhum#p/a/f/0/FgavacZ_47Q. Recomendo esse pequeno vídeo, pois isso evitará que corramos o risco de ter que explicar a nossos netos como era possível estar havendo um verdadeiro holocausto com os animais e nós não sabermos de nada.

Enfim, em relação a essa reflexão inicial, devo admitir que não havia coerência alguma em minha atitude. E refletindo ainda mais sobre isso, cheguei à seguinte questão: como (com qual coerência) eu posso respeitar a vontade que uns (os animais humanos) têm em continuar vivos e aproveitar a vida, e, ao mesmo tempo, desrespeitar essa mesma vontade em outros (os animais não-humanos sencientes que, assim como nós, também querem continuar vivos e desfrutar a vida)???
Obs.: sobre a senciência dos animais, segue link para a reportagem de capa da revista superinteressante do mês passado (março/2011), cuja própria capa afirma: "A ciência começa a descobrir que sim, os animais também são gente. Eles se apaixonam, fazem planos para o futuro, sentem saudade, tecem intrigas e enganam você." Minha filhotinha Amora, por exemplo, me engana direto, simulando o choro de um bebê quando quer algo (rsrs)! Eis o link para a reportagem: http://super.abril.com.br/ciencia/estudos-mostram-passa-pela-cabeca-animais-623040.shtml 

É exatamente esta reflexão que eu gostaria de propor inicialmente neste blog:
como (com qual coerência) nós podemos respeitar a vontade que uns (os animais humanos) têm em continuar vivos e aproveitar a vida, e, ao mesmo tempo, desrespeitar essa mesma vontade em outros (os animais não-humanos sencientes que, assim como nós, também querem continuar vivos e desfrutar a vida)???

Com o intuito de auxiliar tal reflexão, compartilharei nas próximas postagens a íntegra do artigo intitulado "Raciocínio Ético", escrito pelo Luciano Cunha que, não custa lembrar, tem mestrado na área (ética). Lembro também que o próprio Luciano já se manifestou na seção "comentários" do último post, se colocando à disposição para quaisquer questionamentos acerca do assunto abordado nesse seu artigo.

Boa reflexão e até a próxima!!!


Abraços!
Bruno